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Wednesday, December 28, 2005

Crítica de Cinema - King Kong


"Beauty killed the Beast"

Mas existe algo que nunca vai morrer por mais remakes que se façam de King Kong. A versão original de 1933 de Copper e Shoedsack. Continuará a ser um marco na história de cinema fantástico e ainda mais na indústria de efeitos digitais. Naquele tempo tudo era revolucionário. Actualmente cada vez é mais díficil inovar em termos de efeitos especiais. Além de maravilhar é preciso comover e King Kong consegue-o, pelo menos, por breves momentos.

A história, em si, não mudou muito em relação ao original. Ainda continua a tratar dos tempos da grande depressão (a opção da versão de 1976 foi bastante mais infeliz) que afectou grandememnte a economia dos E.U.A. Ann Darrow (Naomi Watts) é uma das vítimas. Sem trabalho e com fome vê-se obrigada a roubar uma maçã para saciar a fome. E aí surge Carl Denham (Jack Black) qual caçador em busca da sua presa. E encontra a sua primeira na pessoa de Ann. Actriz desesperada por trabalho é a vítima perfeita para cumprir o seu plano de realizar um filme numa ilha não explorada, Skull Island.
No fundo, Carl Denham é um caçador sem remorsos. Todas as pessoas existem para cumprir os seus desejos e claro a sua segunda vítima é Jack Driscoll (Adrien Brody), argumentista de teatro e neste caso do seu filme, da sua obra-prima. Todos são meros fantoches nas suas mãos. Até ao fim.

No ínicio do filme temos a homenagem ao vaudeville (muito interessante sem dúvida) e depois vimos pela primeira vez New York, no seu esplendor, dos anos 30. A primeira visão é impressionante mas não se compara com a do final do topo do Empire State Building. No aspecto imagético "King Kong" é do melhor, senão o melhor, do que se viu em cinema até agora. E ainda não falamos de Skull Island.
Paraíso florestal mas ao mesmo tempo transcendental. Parece real, mas tem uma aura de mistério, de algo que não bate certo, mas no entanto acreditamos que existe. E ainda não falamos do prato principal, King Kong.
No teaser trailer, estava a ficar um pouco desiludido, quando surgiu a primeira imagem. Mas no filme o real toca novamente o surreal. Adoro o pormenor das cicatrizes de outros encontros com os habitantes da ilha, que lhe dão história, uma vida para além do filme. Mas é Andy Serkis que lhe dá vida. A sua humilde interpretação (mais uma vez) permite dar um coração a King Kong, coisa que nunca teve nas outras versões cinematográficas. De muito contribuiu para isto os avanços tecnológicos que à apenas cinco anos não permitiriam a realização do mesmo.
Em termos de interpretação o filme está deveras bem servido, com Naomi Watts numa interpretação comovente e fazendo-nos acreditar no que a une a Kong, Jack Black numa interpretação cómica mas também demonstrando cabalmente a ambição que o move até ao fim, Jack Driscoll como o eterno romântico que não deixa de ser herói e cria uma relação respeito com Kong. Em termos de secundários tudo também muito bem servido com destaque para Evan Park.
Mas...
Existe sempre um mas...
Por muito que digam o tempo passa depressa (porque neste caso é verdade) são três horas de duração, que poderiam ter sido, facilmente posso acrescentar, reduzidas para 2h30. Como? Removendo muitos dos inumeros grandes planos na relação entre Kong e Ann. Nos primeiros gostei mas depois tornou-se bastante cansativo. Isso é especialmente visível na cena antes da morte do gigante símio. Existem (não contei mas) cerca de 10 mudanças entre Kong e Ann. É demais. A sua morte no entanto está excelente, não poderia ser um melhor plano do que foi. Dizem que demonstra o amor de Kong por Ann mas isso não tinha já sido suficientemente demonstrado?. Por exemplo na lindíssima cena no lago gelado em New York?

Mas temos de perdoar Jackson por estes exageros. Quando estamos diante da concretização do sonho da nossa vida temos tendência a exagerar e tornar tudo demasiado gigantesco. E Jackson é apenas culpado disso. Do seu imenso amor ao intocável "King Kong" que aos nove anos o fez tomar a decisão de se tornar realizador de cinema. Felizmente isso aconteceu.
Porque senão não teriamos este trabalho de amor e dedicação. Agora a ver se ganhas um pouco de peso. Não era preciso 30 kilos de dedicação.

Nota do Filme - "King Kong" - 7/10

2 Comments:

Blogger Gustavo H.R. said...

Saudações, Pedro!

Boa idéia, a de escrever um blog bilíngüe (acabo de ler o motivo nos seus arquivos). Tentei fazer algo parecido certa vez, com a crítica em inglês que postei de BATMAN BEGINS - mas dá muito trabalho... Parabéns para ti, que consegue com maior facilidade. Cheguei a pensar até que tivesse copiado os relatórios sobre a box-office portuguesa de algum outro site antes de ver que, de fato, era você que as redigia.

Temos de concordar quanto ao preço que a paixão de Jackson custou a esta nova adaptação: o realizador obviamente tentou fazer deste projeto uma obra de arte máxima (nada contra isso, mas se quiser fazê-lo, deve ter um bom senso acurado). Acabou falhando, porque, de fato, o filme às vezes exagera na dose.

Ainda assim, é um filme que talvez se torne mais interessante com novas sessões - em DVD. Uma vez no cinema já basta!

Abraço.

28 December, 2005

 
Blogger Nuno Cargaleiro said...

Bem,... eu partilho de outra opinião...
pode lê-la em: http://movietvaddicted.blogspot.com/2005/12/crtica-king-kong.html

28 December, 2005

 

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