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Monday, February 13, 2006

Crítica de Cinema - Memórias de uma Gueixa


"You can´t read loss, only feel it"
No final do filme sente-se. Este filme poderia ter sido algo mais. Mais do que um espectáculo deslumbrante, poderia ter sido um desfilar de emoções, ódios, amizades. Mas nada disso se vê ou lê. Apenas não se sente.
O filme acompanha a vida de Sayuri, desde criança em casa dos pais. Devido a dificuldades económicas os pais têm de vender ambas as filhas a um comerciante de escravos. Sayuri acaba por ser adquirida e vai trabalhar para uma casa de gueixas. Sob a direcção da está uma gueixa retirada que tem sobre a sua alçada, uma das mais desejadas gueixas, Hatsumomo (Gong Li - a uníca a conseguir transmitir emoções fortes neste filme, apesar do péssimo inglês), que será sua mortal inimiga, aquando da transformação de Sayuri numa bela gueixa (numa cena que vale quase pelo filme todo, a apresentação de Sayuri como gueixa - ver figura em cima).
Sem contar mais do que se passa na história, que mais previsível não poderia ser, posso no entanto descrever o que vai mal por aquelas bandas. Tudo se resume a uma palavra. CORAGEM.
Simplesmente não houve coragem, nesta produção.
Porque por muito esforço que haja apenas se sentem os valores de produção, falta emoção.
Houve coragem para arriscar num elenco totalmente asiático, mas faltou-a para colocar um elenco totalmente japonês. (sem conhecer muito de actrizes japonesas, lembro-me já de uma que seria uma boa opção no papel principal,Koyuki, que aparece no "Ultímo Samurai" com o Tom Cruise).
Faltou coragem para pôr os actores a falar japonês. Em vez disso temos um inglês, com um sotaque demasiado pronunciado (com excepção de Michelle Yeoh) que soa a forçado.
Com a excepção de Gong Li (Hatsumomo),ninguém teve a coragem de investir na caracterização de uma personagem mais forte, no fundo de carne e osso (e a sua beleza e olhar glacial só torna o seu trabalho mais visível). Limitaram-se a seguir instruções de argumento ou de Rob Marshall, que é um excelente coreógrafo mas um mau director de actores (já se tinha visto no "Chicago"-Injusto vencedor de 6 Óscares).
Faltou, no fundo, a coragem para escolher um outro realizador (por exemplo o próprio Spielberg, quem sabe ou uma escolha mais arriscada ainda...).
Faltou também um final mais trágico. É um final "deslavado" sem qualquer emoção demonstrada. Parece quase a celebração de um contrato. O amor não é isso ou é?
Obviamente o filme não falha totalmente. Os valores de produção e a reconstituição histórica dos meados dos anos 30 são de uma grande qualidade, o que resulta num aspecto visual deslumbrante. Tem uma cena magistral, a apresentação de Sayuri como gueixa, com um bailado de uma beleza sem palavras. É realmente um momento mágico.
A banda sonora também nos transporta na história. John Williams continua a ser um dos compositores mais adaptavéis da história do cinema fazendo música para qualquer tipo de filme. E os solos De Yo Yo Ma e Izthak Perlmann são divinais.

O sentimento final é de um regalo para os olhos mas uma desilusão do ponto de vista emocional. Também de Marshall, realmente não se podia esperar muito mais. Cumpriu o que sabe fazer, o que em cinema não é muito. Senhor Marshall, se calhar o seu lugar é mesmo na Broadway não?

Nota do Filme - "Memórias de uma Gueixa" - 4/10

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