Crítica da Semana - Escolha Mortal
"Captain Stanley: Now, suppose I told you there was a way to save your little brother Mikey from the noose. Suppose I gave you a horse and a gun. Suppose, Mr. Burns, I was to give both you and your young brother Mikey, here, a pardon. Suppose I said that I could give you the chance to expunge the guilt beneath which you so clearly labour. Suppose I gave you till Christmas. Now, suppose you tell me what it is I want from you.
Charlie Burns: You want me to kill me brother.
Captain Stanley: I want you to kill your brother."
A surpresa do ano. Em conjunto com o último de Woody Allen, "Match Point" estes foram os filmes que não esperava ter gostado tanto. E este western australiano é sem dúvida, um regalo para os olhos, e apesar de cruel e muito sujo, um excelente retrato da natureza humana.
Charlie Burns: You want me to kill me brother.
Captain Stanley: I want you to kill your brother."
A surpresa do ano. Em conjunto com o último de Woody Allen, "Match Point" estes foram os filmes que não esperava ter gostado tanto. E este western australiano é sem dúvida, um regalo para os olhos, e apesar de cruel e muito sujo, um excelente retrato da natureza humana.
E o que conta a história?
O filme acompanha o drama de Charley(Guy Pearce) e Mickey Burns, na Austrália colonial do séc XIX, que após serem presos pelo Capitão Stanley (Ray Winstone). Após a captura é feito um ultimato (ver texto após imagem) onde é pedido a Charley que mate o seu irmão Arthur, o irmão mais velho e líder do gang, em troca da vida do seu irmão mais novo que entretanto fica preso para garantir que ele cumpre o prometido e consegue assim a sua liberdade e a do irmão.
A família Burns é procurada pelo assassínio de uma família muito respeitada da região e cujos habitantes exigem justiça. E se a polícia não conseguir eles trataram do assunto.
Isto é apenas a premissa mas o filme tem muito mais. A personagem do Capitão Stanley é talvez a mais ambígua e a que a nossa percepção mais se altera durante a visualização do filme. No início parece um homem sem escrupulos e totalmente devoto à preservação da lei, seja de que maneira for. Com o desenrolar descobrimos as motivações por detrás do homem e de como o ambiente "sujo" australiano mudou a sua maneira de ser. O primeiro vislumbre da sua vida surge com a visita da sua esposa à esquadra. Interpretada por Emily Watson, Martha, é uma mulher fora de sítio. Educada em Inglaterra muito rigorosamente e em alta sociedade, tem dificuldade em adaptar-se a este mundo hostil, cruel e onde a educação é vista com maus olhos. Todos tentam sobreviver da melhor maneira e para isso a educação é inimiga. É por isso mal vista por todos e tenta distrair-se da melhor maneira possível sem nunca o conseguir. Emily Watson continua insuperável a interpretar este tipo de papéis, de mulher frágil e fora do seu meio. O seu marido o capitão é o centro do filme e mais um no excelente elenco que compõe o filme. No fundo é a luta entre a família Stanley e a família Burns.
O irmão Arthur Burns procurado por todos é sem dúvida um homem mau sem remorsos mas que não conseguimos evitar sentir uma certa simpatia. E isso só é possível com um grande actor Danny Houston e claro do excelente argumento de Nick Cave. Existem sempre personagens que ficam a perder e uma delas é o irmão mais novo do clã Burns, que não passa de uma caricatura de jovem indefeso apanhado do lado errado da lei. Guy Pearce tem uma personagem mais fraca mas consegue-lhe imprimir uma dualidade interessante. De assassínio impiedoso e de uma homem cheio de remorso pelo que fez na vida. E para proteger o seu irmão mais novo não vai olhar a meios.
A Austrália nunca surgiu tão bela como neste filme. Uma das razões é que é uma filmografia não muito abundante e com poucos exemplos com qualidade deste filme. O director de fotografia consegue captar a sua beleza mas sem nunca fugir do que tem de pior, porque por vezes o horrendo pode ser bonito ou pelo menos impressionante. E este é um filme impressionante, em termos de violência mas nunca do ponto de vista gratuito e claro, sempre muito bem filmado por John Hillcoat. E para os que dizem que os finais previsíveis não podem ser a melhor opção então este é o filme que o pode contrariar.
Um dos mais belos que vi este ano.
Passou despercebido nas salas de cinema, para pena minha e rapidamente sairá de exibição. Uma coisa é certa, já marcou, pelo menos, uma pessoa por terras portuguesas.
Se ainda tiveres oportunidade não percas. É o regresso de Peckinpah e Leone, em modo australiano, sujo, cruel e com muito pouca educação.
Nota do Filme - Escolha Mortal /The Proposition - 8/10
Ps: Sem dúvida uma excelente para descobrir Peckinpah, o último mestre do "Western".
1 Comments:
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04 February, 2007
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