Crítica de Cinema - O Segredo de Brokeback Mountain
"Ain´t no reins on this one"
Não poderia escolher uma melhor frase para descrever este filme em todos os aspectos. Em primeiro, e mais obviamente os prémios sucedem-se o que implica que os próximos Óscares serão dos mais previsíveis dos ultímos tempos. O "buzz" para o filme é incrível e a estatueta de Melhor filme e realizador não deverão faltar.
Em segundo, a implicação "gay" do filme e a piada fácil de errrrrrrr, montar a cavalo (sendo que reins, quer dizer rédeas).
Em terceiro, nada poderia parar Ang Lee na realização deste filme. O desejo de adaptar a pequena história de Anne Proulx (espero que esteja bem escrito), para cinema já o perseguia à algum tempo. Em boa hora o decidiu fazer, para bem do cinema.
A história acompanha, em grande parte, a vida de Ennis Del Mar (Heath Ledger). Com uma infância díficl em que viu os dois pais morrer e com a experiência traumática de ver, assassinado a sangue frio, um homossexual da zona em que habitava e que o pai fez questão de lhe mostrar o que se fazia a quem era homossexual. Ironia das ironias, não é verdade???
Em busca de trabalho, aceita passar o verão e inverno a cuidar de um rebanho de ovelhas para os lados de Brokeback Mountain, com a companhia de Jack Twist (Jake Gylenhaal). Entre eles, ali sozinhos nos montes, cria-se uma cumplicidade. E acaba, no que toda a gente está agora a pensar (acreditem, a sala ficou silenciosa como nunca vi e três pessoas sairam após a cena - era impossível sair durante uma vez que demora aí uns 30 segundos). No final desse verão cada um segue (da melhor maneira possível) a sua vida, sem no entanto nunca escapar de Brokeback Mountain. É o seu fantasma que carrega o filme até ao plano final (um dos mais belas cenas finais dos ultímos tempos).
Quem também carrega o filme nos seus ombros é Heath Ledger, com uma interpretação surpreendente. Quando soube do seu envolvimento no projecto, desconfiei do que iria sair de um actor que apenas nos tinha dado o medíocre ou mesmo mau. Mas aqui transfigura-se. Parece um daqueles episódios de transição. E que transição. Apenas o seu olhar, comunica mais do que muitos que não se calam e nada mostram. Gylenhaal, por outro lado, apesar da actuação competente, não consegue abandonar a sombra de Ledger. Dos restantes actores, destaque para Michelle Williams, com uma grande cena, mas também não tem tempo de ecrã para mais e para Kate Mara (faz de Alma Jr aos 19 anos). Esta menina ainda vai dar muito que falar (isto podem ser os olhos a falar ou...).
Destaque ainda para Brokeback Mountain. Actriz principal, num filme de homens. As suas paisagens deslumbram e dão corpo à história. Um significado que ultrapassa os sentimentos. Os torna mais fortes e eleva ao expoente. Por isso é que Ennis e Jack apenas em Brokeback vivem a felicidade. Ela está vedada fora da montanha.
Obviamente, o filme não são só rosas. Para já, não é obviamente, um filme fácil de ver. É desconfortável, muito em algumas ocasiões, por muito que se diga e fale "Aí e tal, isso é lá com eles, a mim não me faz diferença...".
Por outro lado, não acreditamos, visualmente, que as personagens envelheceram cerca de 20 anos desde o ínicio da história até ao fim. Isso apenas é disfarçado com as excelentes interpretações dos actores principais que amadurecem à nossa frente. A maior parte das personagens são acessórios (também era díficil manter todos importantes na história) e vão e vêm.
Gostava também de destacar uma cena em que Jack, cala (humilha é a palavra) o seu cunhado que tentava minar a sua autoridade junto do seu filho. Foi um momento digno de se ver. Só vendo a cara do cunhado poderão perceber, hehehe.
Aconselhável?
Sem dúvida, aconselho. Agora coragem é necessária para entrar na sala de cinema. Por muito que se diga, é verdade.
Têm essa coragem?
Conselho grátis - É apenas um filme. Aquilo não se pega por via oral ou visual.
Ps: Para os três senhores que sairam durante a intensa cena de sexo de Brokeback, um conselho. Esses traumas têm de ser tratados. Está na hora de assumir.
Nota do Filme - O Segredo de Brokeback Mountain - 7/10
Não poderia escolher uma melhor frase para descrever este filme em todos os aspectos. Em primeiro, e mais obviamente os prémios sucedem-se o que implica que os próximos Óscares serão dos mais previsíveis dos ultímos tempos. O "buzz" para o filme é incrível e a estatueta de Melhor filme e realizador não deverão faltar.
Em segundo, a implicação "gay" do filme e a piada fácil de errrrrrrr, montar a cavalo (sendo que reins, quer dizer rédeas).
Em terceiro, nada poderia parar Ang Lee na realização deste filme. O desejo de adaptar a pequena história de Anne Proulx (espero que esteja bem escrito), para cinema já o perseguia à algum tempo. Em boa hora o decidiu fazer, para bem do cinema.
A história acompanha, em grande parte, a vida de Ennis Del Mar (Heath Ledger). Com uma infância díficl em que viu os dois pais morrer e com a experiência traumática de ver, assassinado a sangue frio, um homossexual da zona em que habitava e que o pai fez questão de lhe mostrar o que se fazia a quem era homossexual. Ironia das ironias, não é verdade???
Em busca de trabalho, aceita passar o verão e inverno a cuidar de um rebanho de ovelhas para os lados de Brokeback Mountain, com a companhia de Jack Twist (Jake Gylenhaal). Entre eles, ali sozinhos nos montes, cria-se uma cumplicidade. E acaba, no que toda a gente está agora a pensar (acreditem, a sala ficou silenciosa como nunca vi e três pessoas sairam após a cena - era impossível sair durante uma vez que demora aí uns 30 segundos). No final desse verão cada um segue (da melhor maneira possível) a sua vida, sem no entanto nunca escapar de Brokeback Mountain. É o seu fantasma que carrega o filme até ao plano final (um dos mais belas cenas finais dos ultímos tempos).
Quem também carrega o filme nos seus ombros é Heath Ledger, com uma interpretação surpreendente. Quando soube do seu envolvimento no projecto, desconfiei do que iria sair de um actor que apenas nos tinha dado o medíocre ou mesmo mau. Mas aqui transfigura-se. Parece um daqueles episódios de transição. E que transição. Apenas o seu olhar, comunica mais do que muitos que não se calam e nada mostram. Gylenhaal, por outro lado, apesar da actuação competente, não consegue abandonar a sombra de Ledger. Dos restantes actores, destaque para Michelle Williams, com uma grande cena, mas também não tem tempo de ecrã para mais e para Kate Mara (faz de Alma Jr aos 19 anos). Esta menina ainda vai dar muito que falar (isto podem ser os olhos a falar ou...).
Destaque ainda para Brokeback Mountain. Actriz principal, num filme de homens. As suas paisagens deslumbram e dão corpo à história. Um significado que ultrapassa os sentimentos. Os torna mais fortes e eleva ao expoente. Por isso é que Ennis e Jack apenas em Brokeback vivem a felicidade. Ela está vedada fora da montanha.
Obviamente, o filme não são só rosas. Para já, não é obviamente, um filme fácil de ver. É desconfortável, muito em algumas ocasiões, por muito que se diga e fale "Aí e tal, isso é lá com eles, a mim não me faz diferença...".
Por outro lado, não acreditamos, visualmente, que as personagens envelheceram cerca de 20 anos desde o ínicio da história até ao fim. Isso apenas é disfarçado com as excelentes interpretações dos actores principais que amadurecem à nossa frente. A maior parte das personagens são acessórios (também era díficil manter todos importantes na história) e vão e vêm.
Gostava também de destacar uma cena em que Jack, cala (humilha é a palavra) o seu cunhado que tentava minar a sua autoridade junto do seu filho. Foi um momento digno de se ver. Só vendo a cara do cunhado poderão perceber, hehehe.
Aconselhável?
Sem dúvida, aconselho. Agora coragem é necessária para entrar na sala de cinema. Por muito que se diga, é verdade.
Têm essa coragem?
Conselho grátis - É apenas um filme. Aquilo não se pega por via oral ou visual.
Ps: Para os três senhores que sairam durante a intensa cena de sexo de Brokeback, um conselho. Esses traumas têm de ser tratados. Está na hora de assumir.
Nota do Filme - O Segredo de Brokeback Mountain - 7/10
1 Comments:
Sim, é preciso alguma coragem para ver isto, mas ainda assim é um bom filme.
Cumps.
01 March, 2006
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