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Tuesday, March 28, 2006

Crítica de Cinema - Coisa Ruim

"Ismael!! Vens-me buscar, Ismael?"

A abertura do Fantasporto foi sem dúvida uma excelente oportunidade. Deu a conhecer um filme que nem sabia que se fazia por terras lusitanas, o filme fantástico de terror.
O filme acompanha a viagem de uma família citadina para o interior de Portugal, carregado de lendas, histórias populares e sem os confortos que se habituaram durante a sua vida na cidade. A mudança deve-se à mudança de ares de um professor de biologia que ao receber de herança uma casa, decide mudar de vida e tentar a sorte nesse universo já esquecido da sua infância.
O resto da família acompanha-o não muito satisfeita. O míudo mais novo, Luís, viciado em jogos de consola e televisão, Dulce, mãe adolescente ainda ao cargo dos pais sente-se arrastada por capricho do pai e Rui, devide ficar na cidade apesar da oposição dos pais. A mãe, apesar de contrariada, decide apoiar o marido e tenta minimizar as consequências desta mudança brusca na sua vida.
O problema é que a casa, diz-se assombrada por um espírito em busca de vingança, pelos assassínios aí ocorridos. E acontecimentos estranhos, alimentados por histórias populares e o fanatismo religioso , começam a perturbar o ambiente familiar.
E o que poderia ter descambado, muito facilmente, para o o rídiculo é resgatado por uma realização nunca vista em Portugal (a lembrar Shyamalan, definitivamente) com a criação de um crescendo de tensão ao longo do filme desde os planos iniciais, em cidade, da existência feliz, até ao final enigmático e destruidor do conceito de família.
A estreia, na realização, de Tiago Guedes e Frederico Serra, vindos do mundo da publicidade não é perfeita pois abusam um pouco do esquematismo, o que torna o filme pouco visceral e emocional, como deveria ser no final. Mas é de louvar. Apoiados, num excelente argumento de Rodrigo Guedes de Carvalhos (abusando, no entanto um pouco nas mesinhas religiosas e rezas), criam realmente algo de único no panorama cinematográfico nacional.
Apoiados num excelente leque de actores dos quais se destacam Manuela Couto (quem diria da sua qualidade, depois da sua eterna presença em produtos televisivos menores), José Afonso Pimentel, que numa relação estranha com a sua irmã Dulce, mostra ecos de um horror passado que nunca se confirma mas se arrasta pelo filme. E aquele olhar psicopático e as suas tiradas assustam, realmente. Apesar da pequena participação, no papel de Padre Vicente, José Cruz, cria uma personagem ambígua de um pároco de aldeia. O que parecia ser um mero cliché do mesmo, torna-se numa personagem central do filme. E claro o centro do filme, Ismael, interpretado pelo Miguel Borges, dá eco do horror no passado daquela casa.

Não é, obviamente Shyamalan, mas é mais uma oportunidade para dar fazer as pazes com o publico português (algo que parece não vai acontecer - 20000 espectadores em 2 semanas!!!).
O cinema português está com vontade de arriscar. De expandir-se para outros géneros cinematográficos. Tivemos foi de esperar muito tempo para que isto acontecesse. Demasiado.

Nota do Filme - Coisa Ruim - 6/10

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