Estreias da Semana - 11 de Maio
Mais uma semana de estreias. À primeira vista o panorama de estreias parece-me bastante desolador.
Isto também pode ser o meu maior grau de exigência a falar. E além disso quando a semana passada estreiou entre nós uns dos melhores do ano, a coisa ainda fica mais exigente.
Obviamente estou a falar do "O Novo Mundo", que aconselha a alta voz. Mas também digo que o filme não é para todos os gostos. De preferência é para pessoas que apreciam a contemplação da natureza e acima de tudo da natureza humana.
Voltando aos filmes da semana, temos:
- Um filme com más notícias para as montanhas
- Um filme sem nada de inocente - Estou a brincar, pode levar a criança dentro de si.
- Um filme do regresso de uma lenda
- Um filme repetido três vezes, parece o destino
- Um filme para apreciadores de doce da avó
- Um filme de liberdades ameaçadas
Terror nas Montanhas (The Hills Have Eyes) - Algumas semanas atrás havia problemas para o turismo na Eslováquia. Esta semana a vítima são, não um país, mas todas as montanhas. Agora todos têm razão de queixa. A vingança serve-se fria não é Eslováquia. São espertos mas não enganam aqui o "je".
Filme realizado por Alexandre Aja com Maxime Giffard, Michael Bailey Smith e Tom Bower.
Um filme inspirado em "Os Olhos da Montanha" de Wes Craven. Uma família em férias vai parar a uma zona deserta, que antes fora palco de uma série experiências atómicas governamentais. Longe de tudo, os Carters depressa se apercebem que afinal aquela zona não é desabitada, e que aí reside uma família de mutantes sedenta de sangue.
Mais um remake de um clássico do terror. Palavras para quê? Ainda alguém liga a esta avalanche de horror. Eu já perdi o interesse à muito tempo.
O que o horror necessita é de ideias novas e não da reciclagem de ideias que na altura eram originais mas que agora são clichés descarados. Mas antes ainda havia cultura cinéfila e qualidade na realização. Actualmente o panorama é muito pior. Por isso aliar a falta de originalidade à falta de qualidade e temos produtos amorfos e formatadas que agradam apenas aos menos exigentes. E já à alguns anos que não pertenço a este grupo. A evitar.
Inocência (Innocence) - Esteve para estrear algumas semanas atrás mas não aconteceu. Estreia hoje e no entanto continuo sem saber muito sobre o filme. Co-produção de França, Bélgica e Inglaterra e temos uma salganhada entre mãos.
Filme realizado por Lucile Hadzihalilovic com Marion Cottilard, Hélene de Fougerolles e Zoé Auclair.
No coração de uma densa floresta há um misterioso internato para raparigas, separado do mundo exterior por uma grande muralha. Lá dentro, um grupo de crianças com idades compreendidas entre os 7 e os 12 anos rodeia um pequeno caixão, do qual sai Iris, uma pupila de 6 anos recém-chegada. Conduzida por Bianca, a rapariga mais velha, Iris é apresentada a este estranho novo mundo, onde não existem adultos a não ser alguns criados idosos e duas melancólicas jovens tutoras.
Pouco sei sobre o filme apenas que foi muito elogiado no festival de S.Sebastian como melhor nova realizadora e mais num pár de festivais. A sua carreira de festivais correu bem, mas agora estamos a falar de uma carreira comercial, que anda mal por todo o planeta. E Portugal não é excepção. Vai passar um pouco despercebido nesta avalanche de estreias mas se calhar injustamente. Se estás numa de arriscar esta é uma boa aposta. Agora, não prometo que corra bem mas parece-me uma premissa deveras original.
Lassie - Ainda está viva. Assim é que é. Voltando à realidade, Lassie volta a ser ressuscitada para gáudio de todas as crianças. Nunca um nome de animal, identificou uma espécie canina como o nome Lassie. O regresso de uma verdadeira lenda para uma nova audiência.
Um filme de Charles Sturridge com Robert Carr, Peter Dinklage (é verdade o anão da Estação) e Ken Drury.
"Lassie", a heroína de quatro patas que fez sucesso nos anos 40 e 50, regressa ao grande ecrã. Baseada no conto "Lassie Come Home" escrito por Eric Knight, é a história de uma cadela que é comprada por um duque, mas que tenta voltar aos seus antigos donos.
Quem diria. Quem é vivo sempre aparece e a Lassie é uma dessas. Isto parece que não tem corrido muito bem em termos comerciais, mas tenho de admitir que é uma iniciativa de louvar. O cinema para crianças está a voltar e desta vez em força. Não é só Harry Potter e animação 3D. Há agora, uma nova escolha, valores morais e histórias de amizade. Não há cão mais fiel que a Lassie. E o público? Também o irá ser?
O Último Destino 3 (Final Destination 3) - 3??? Era mesmo necessário? Sim, uma vez que dá dinheiro. Eu sei que o meu discurso é previsível mas não chego ao ponto de Holywood. Basta olhar para a lista de Blockbusters deste verão. Quase todos são sequelas ou adaptações seguras de best-sellers. Já ninguem arrisca nada???
Filme realizado por James Wong com Mary Elizabeth Winstead, Ryan Merriman e Kris Lemche.
Wendy, finalista do liceu, junta-se aos amigos para a noite de celebração do fim de curso num parque de diversões local. Quando estão quase a entrar na montanha russa, Wendy tem uma premonição de um acidente fatal. Depois de alguma confusão, Wendy, o namorado e vários amigos acabam por sair. Enquanto observam cá de baixo, a premonição de Wendy revela-se assustadoramente verídica - a carruagem fica fora de controlo, e todos os que ficaram morrem. Mas isto é apenas o início.
Elenco de desconhecidos, realizador chunga, dinheiro poupado ao máximo e temos o típico produto americano para fazer dinheiro. Originalidade, ideias, argumento, grandes planos? Para quê, dizem?
Desde que tenha lucro a malta fica feliz. Agora peço, fechem a torneira para não termos a parte quatro.
O Matulão da Vóvó (Grandma´s Boy) - É verdade. Traduções abrasileiradas chegaram ao cinema. Matulão da Vóvó??? E tinham de ser logo assim, descaradas? Atenção, não tenho nada contra o Brasil ou brasileiros mas aqui estamos em Portugal e é preciso mais respeito pela língua portuguesa. E além disso o filme nem sequer é brasileiro, porque se fosse até faria sentido. Tem lugar marcado nas piores traduções de título do ano.
Filme realizado por Nicholaus Gossen com Linda Cardellini, Allen Covert e Peter Dante
Alex trabalha a experimentar jogos de vídeo. Aos 35 anos, ele é o mais velho no negócio mas é também o "maior". Mas quando o seu colega de apartamento falha o pagamento da renda, Alex fica no meio da rua. Depois de muitas reviravoltas, o seu último recurso é ir viver com três miúdas espectaculares (ou pelo menos é isso que ele diz aos amigos). Mas, na verdade, o trintão dá consigo a viver com a avó e duas amigas.
Bem o terreno para a comédia é fértil e é uma ideia nova. Isto está a prometer mas ainda é necessário outra coisa. Talento para escrever um argumento decente.
Será que tiveram?
Pelo seu comportamento na bilheteira a resposta seria não mas nem sempre os melhores passam no teste da bilheteira.
Eu por mim não arriscava mas dou o benefício da dúvida.
Freedomland - A Cor do Crime - Lá estão eles outra vez. E eu volto a dizer. O pessoal não é burro. Por isso ou fazem uma tradução estúpida ou então não mudam o título do filme. Agora manter o título e acrescentar outra tradução à frente é do pior. A cor do crime era a resposta correcta e até era uma tradução pertinente e ligada ao filme. Enfim...
Filme realizado por Joe Roth com Samuel Jackson, Julliane Moore e Eddie Falco.
Durante a noite, num subúrbio de classe baixa em Nova Jersey, uma mulher entra cambaleando nas urgências com vestígios de sangue no corpo. Depois de receber tratamento para recuperar do estado de choque, Brenda (Julianne Moore), relata ao detective Lorenzo Council (Samuel L. Jackson) que foi forçada a abandonar o carro numa zona isolada, que separa o bairro rico onde vive de um bairro mais pobre. No entanto, durante o interrogatório, Council desconfia que ela não está a contar toda a verdade. E Brenda acaba por confessar que o seu filho de 4 anos estava a dormir no bando de trás do carro. Mas a criança desapareceu. Os conflitos raciais podem estar na origem do crime.
Crimes de ódio. Algo sempre pertinente no mundo actual. Infelizmente cada vez mais. O mundo está menos tolerante para quem é diferente de nós ou tem outras convicções religiosas. É a máxima, Ou estás comigo ou estás contra nós. Sem meio termo.
Este filme explora o racismo e como informações incorrectas podem criar condições em que a violência impera. Ninguém está a salvo de ser influenciado erradamente. Somos constantemente bombardeados com informação que não podemos confirmar se é verdadeira.
Um filme a considerar pela temática mas não esperem o filme da vossa vida.
Esta semana o conselho vai para o "Inocência". Achei a história original e os festivais de cinema já o recompensaram. Agora falta o público.
A evitar, com E grande, temos o "Último Destino 3". Já não há paciência para sequelas de encher chouriço. Neste caso, os bolsos de Holywood.
Ps: Esta ultíma acabou de sair de uma sessão do filme Último Destino 3
Até para a semana.
Boa Noite e Bons Filmes.
1 Comments:
Ok, mas vais ter de concordar comigo, não há nada pior que sair da sala de cinema e esquecer de imediato o filme, pelo menos a rapariga mostra emoções, o filme não lhe passou ao lado....
12 May, 2006
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