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Wednesday, May 03, 2006

Estreias da Semana - 4 de Maio

Hoje as estreias chegam um pouco mais cedo. São assim as vicissitudes da vida.
Hoje é tempo, novamente, para dizer "Aleluia".
Um filme à muito adiado, finalmente chega a "praias portuguesas". Mas agora a concorrência é muito maior e temo que vá perder o público que realmente merece.
Estreiam no nosso "burgo" oito novas longas-metragens. Isto,se, entretanto não se decidirem a cancelar alguma estreia, como já aconteceu muitas vezes.

Temos:
- Um filme sobre uma piada porca de 89 minutos
- Um filme sobre o ultímo genocídio do séc XX
- Um filme com a cabeça num mundo de fantasia
- Um filme de homenagem perpétua
- Um filme de praias além mar ("Aleluia"?)
- Um filme de uma grande mulher
- Um filme que (espero) é um espectáculo
- Um filme que nos cola à pele

Os Aristocratas (The Aristocrats) - Pois é. A fina flor da comédia americana conta a piada mais porca do mundo de todas as maneiras possíveis e imaginárias. O que irá sair daqui? Que criou alguma polémica, isso criou, mas a verdade é que também pôs muita gente a rir.
Filme (documentário) de Paul Provenza com a tal fina flôr da comédia americana, como Whoppie Goldberg, Robin Williams, Sarah Silverman (na versão mais polémica de todas) entre outros.

É uma homenagem à capacidade humana de improvisar sobre um mesmo tema. Neste caso uma piada porca. Se és fã de piadas porcas, de humor bem porco (segundo dizem é mesmo) e queres um panorama de piadas bem diferente do actual Stand-Up nacional então este é o filme para ti. Caso contrário, o melhor é mesmo não aparecer. Pode dar a volta o estomago.

Shooting Dogs - Testemunhos de Sangue - O ultímo genócidio do século XX. E a maior parte do mundo ou não sabe que aconteceu ou não quer saber. Por muitas lições morais que se tenham retirado da segunda guerra mundial, a verdade é que continuamos a matar por questões dé raça, religião. O ódio dilacera o mundo real e parece que não aprendemos com os nosso erros. Continuam a repetir-se e parece-me que só nos lembramos quando é tarde de mais.
Filme realizado por Michael Caton-Jones (o mesmo de Instincto Fatal 2, é verdade - 2 filmes em duas semanas) com Claire Hope Ashitey, Hugh Dancy, David Gyasi e John Hurt.

Joe Connor foi para o Ruanda como professor por acreditar que podia fazer a diferença. Quando a sua escola se torna um refúgio para milhares de ruandeses em fuga do genocídio, Joe promete à sua aluna mais brilhante, Marie, que os soldados das Nações Unidas a protegerão das milícias extremistas, sedentas de sangue. Mas quando as Nações Unidas abandonam os refugiados, Joe e o responsável da escola, o Padre Christopher, enfrentam um terrível dilema: fugir ou manter-se fiéis aos ruandeses?

Após o ano passado o Ruanda ter voltado aos ouvidos do mundo com o filme "Hotel Rwanda" de Terry George, o mundo parece não querer esquecer novamente. Um projecto que demorou a sair para a sala, mas que com a boa recepção do anterior permitiu a sua estreia, apesar da sua muito menor visibilidade. É que ser nomeado às estatuetas douradas ajuda realmente. Pouco sei sobre o filme. Mas a temática é poderosa por si só. O poder que o homem pode ter ao salvar uma vida com o risco da sua própria continua a ser o maior sacríficio humano. Mas os dilemas pessoais que isso implica assim o obriga. Estar a abdicar do nosso bem mais precioso é algo que põe qualquer um a pensar. A capacidade de matar indiscriminadamente outros seres humanos é outra coisa bem pior. E foi o que aconteceu no Ruanda, um verdadeiro massacre. E o medo que tal possa voltar a acontecer no mundo é bem real. A espreitar, mas acima de tudo a não esquecer.

DR9 -Drawing Restraint 9 - O ultímo de Matthew Barney. Passou pelo ultímo Indie Lisboa e estreia na semana seguinte ao fim do mesmo. Isto é que é rapidez. Isto é cinema surrealista, fantasista. E por isso uma boa hipótese para procurar novas soluções cinematográficas ou simplesmente novas ideias.
Filme realizado por Matthew Barney com o próprio, Bjork e Mayumi Miyata.

A fusão entre dois dos autores mais criativos da actualidade - Matthew Barney, artista total, e Björk, a camaleónica compositora islandesa - numa história de amor envolvida pelos rituais de casamento japoneses. Numa refinaria de petróleo japonesa, um camião de vaselina de petróleo quente dirige-se da fábrica para o porto até chegar a um baleeiro. À bordo do baleeiro, ao largo de Nagasaki, uma enigmática escultura de vaselina é ladeada por barreiras para preservar a forma. Dois ocidentais (Matthew Barney e Björk), a bordo, são tratados com todas as atenções e vestidos com os fatos tradicionais de casamento japoneses, segundo a tradição Shinto. Durante uma tempestade, a escultura perde a sua forma e a vaselina espalha-se. O casal de ocidentais é lentamente envolto no fluído e começa a transfigurar-se.

Já dizem que este filme é indescrítivel. Para acreditar só mesmo vendo. Uma obra revolucionário na maneira de fazer cinema e por isso só pode despertar ou ódio profundos ou amor arrebatador. Agora é só descobrir a sala de cinema mais próxima e entrar na aventura. A escolha de salas não deve ser muita por isso o melhor é não hesitar.


Movimentos Perpétuos - Tributo a Carlos Paredes - Um documentário português a ter estreia comercial. Isto é algo para comemorar. No Indie (quando o visitei) era o filme mais apreciado pelo público mas não sei se venceu. Sei que venceu alguns prémios, do lado do cinema português, mas esta semana já foi arrasado pela crítica do Dn. Como vai ser?
Filme realizado por Edgar Pêra.

"Movimentos Perpétuos - Tributo a Carlos Paredes" é um documentário de Edgar Pêra, em 17 movimentos, em que se estabelece um diálogo entre uma guitarra e uma câmara de Super8. O concerto de Carlos Paredes no Auditório Carlos Alberto, no Porto, em 1984, é o ponto de partida para o desenrolar de histórias da prisão, resistência, sucessos e amadorismo, relatos marcados pela simplicidade e pela paixão.

As duas faces da mesma moeda. Abraçado pelo público, ignorado ou maltratado pela crítica especializada. Isto deixa uma pessoa a pensar. Será um documentário ao estilo televisivo, enfadonho e sem ideias de cinema. Ou um objecto incompreendido?
Para tirar as dúvidas só mesmo assistindo. Eu não vou porque a sessão para o "Novo Mundo" já está à muito marcada. Mas o senhor Carlos Paredes merece uma vénia e o nosso respeito. A experimentar mas sem muitas ilusões de brilhantismo, como a figura retratada.

O Novo Mundo (The New World) - Aleluia é a palavra. Já estava a ficar assustado que este filme não surgia em águas portuguesas. Parecia que um eclipse ia acontecer e perder de vista esta obra única de um autor que se eclipsa, também ele, por largos períodos de tempo. Um perfeccionista dizem, um grande cineasta digo eu.
Filme realizado por Terrence Malick com Colin Farrell (que abençoado é, trabalha sempre com os melhores), Q´rianka Quilcher (dizem que é a grande surpresa do filme), Christian Bale e Cristopher Plummer (o homem está em todo o lado- trê filmes em menos de três meses).

Aventura sobre o encontro entre nativos americanos e os europeus que partiram à conquista do novo mundo, é também a história arrebatadora da índia Pocahontas, do aventureiro John Smith e do aristocrata John Rolfe. No início do século XVII, três pequenos navios ingleses partem à conquista do novo mundo, na esperança de encontrarem lendários tesouros e ouro. Ao desembarcar em James River, na Virgínia, estabelecem a colónia de Jamestown. Mas a maioria dos 103 colonos do grupo original eram aristocratas mal preparados e consequentemente as condições de vida na colónia degradam-se rapidamente. O Capitão John Smith é então encarregado de liderar uma expedição ao longo do rio Chickahominy. Durante a expedição, os nativos da tribo Powhatan matam todo o grupo à excepção de Smith, que é levado para a aldeia. Aí conhece a filha do chefe da tribo Powhatan, Pocahontas. Ela é um espírito livre e entre os dois nasce uma relação que se tornará numa das mais famosas lendas americanas.

Que belo resumo do filme. Sem dúvida o filme promete. A sua fotografia é já elogiada por todos, apenas se socorrendo de luz natural para mostrar tudo. A mestria de um realizador, para muitos demasiado perfeccionista, também está lá. O período de história retratado não é muito comum e o tom realista do filme deve ser uma constante. E a capacidade de parar no filme a história e apenas mostrar a paisagem deve constar das várias cenas do filme, que originalmente tinha cerca de quatro horas. Dizem que o filme perdeu com os cortes. Mas se isso acontecer existirá sempre o DVD. Finalmente Sr. Malick, regressou.

Maria Madalena (Mary) - Uma nova história de Maria Madalena. Mais uma, num mês que irá ser fértil em polémica em torno do seu nome. Mais para o fim do mês, estreia o "Código Da Vinci" e as teorias sobre essa personalidade marcante da história ganham nova opinião. E a tua qual é?
Filme realizado por Abel Ferrara com Juliette Binoche (no papel de Maria), Forest Whitaker e Mathew Modine.

"Maria Madalena" é inspirado na mítica Maria Madalena, discípula de Jesus. A história segue três personagens ligadas pelo seu espírito e pelo seu mistério. A actriz Mary Palesi (Juliette Binoche) encarna a personagem no cinema e fica obcecada com ela. Tony Childress, o realizador, interpreta Jesus Cristo no seu próprio filme. Ted Younger, célebre jornalista, apresenta um programa sobre a fé. Entre o fascínio e a procura da espiritualidade, o destino irá uni-los.

História contemporânea e nada biográfica da realidade. É a visão pessoal de Abel Ferrara e que já provocou alguma celeuma e polémica por esse mundo fora. Estreia agora, entre nós, numa altura de grande debate sobre a sua vida.
Mais achas para a fogueira, de um filme não muito bem recebido por alguma crítica. A confirmar ou discordar por nós próprios.

Missão Impossível 3 (M:I3) - A terceira aventura do Agente Ethan Hunt. E desta vez a luta é pessoal. E longo com um homem que recentemente acrescentou uma nova arma ao seu arsenal, uma estatueta dourada, por sinal, bem pesada.
Filme realizado por J.J. Abrams (será que devia ter ficado quietinho em vez de se meter logo neste filmes) com Tom Cruise (a idade não perdoa mas ainda se vai safando), Ving Rhames e Phillip Seymour Hoffman.

Tom Cruise regressa como o Agente Especial Ethan Hunt, que vai enfrentar a mais difícil missão e o maior vilão de sempre: Owen Davian (Com um grande actor como ele não é dificil de acreditar), um vendedor internacional de armas sem escrúpulos nem consciência.

Não diz muito esta premissa. Mas também estamos a falar de Missão Impossível e nem tudo tem de ter explicação. A crítica, obviamente atirou-se logo ao filme a dizer que tudo parece impossível e o melhor era terem ficado quietos e não ter feito o filme. Mas estamos a falar de entretenimento, não de um filme das nossas vidas. E para isso, Cruise está lá. Ele sabe o que é um bom espectáculo e é por isso que estes são sempre grandes filmes para ver numa sala de cinema. Aí se não houvess o tal outro, estava lá batido. Na sala de cinema. Quem sabe para a semana se o deserto cinematográfico acontecer.


Pele - Passou também pelo IndieLisboa 3 e chega logo a salas portuguesas. Isto deve ser algo de inédito. Dois filmes portugueses apenas numa semana. Não parecem ser os que vão mudar a opinião do público português mas ao menos continuam a sair com regularidade. Venha mais um que a gente espera.
Filme realizado por Fernando Vendrell com Daniela Costa (uma estreia auspiciosa e uma beleza exótica), Francisco Nascimento e Manuel Wiborg entre outros.

Lisboa, 1972. Olga tem uma vida fácil, no seio de uma família abastada. Estuda na universidade, frequenta as festas da alta sociedade, joga ténis e passa lânguidas tardes à beira da piscina. Mas ela sabe que é diferente: a sua pele não é branca. Olga depara-se com este desconforto progressivo, mas prefere ignorá-lo. Só que quando o seu pai regressa de Angola, após 20 anos passados no estrangeiro, o seu mundo de conforto e fantasia começa a esboroar-se. Olga já não sabe quem é ou de onde vem. Começa então a sua viagem de descoberta de identidade e liberdade. Olga envolve-se com outras pessoas, com outras formas de viver e com o teatro. E como actriz, compreende que a luta das emoções e das memórias começa na pele.

O que poderia ser uma boa história é transformado num folhetim de telenovela pior espécie. E isso é sempre mau de ver no cinema. Neste tenho tendência a acreditar pois é isto que andam a dizer por aí.
E de telenovelas andamos todos fartos. Falo por mim. Mas a Senhora Dona Ofélia não se chateie e continue a ver a sua Ninguem como Tu e a visitar o meu blog.

Esta semana aconselho "O Novo Mundo". Já se fazia tarde mas finalmente chegou.
Do outro lado acho que vou por um português que já está com má fama "Pele". Peço desculpa senhor Vendrell mas é a vida...

Até para a semana e bons filmes.

2 Comments:

Blogger antonio_subtil said...

Nunca vou esquecer no mi2 em que ele bate com o pé no chão e a arma, pousada na areia, é projectada como se tivesse molas...........

04 May, 2006

 
Anonymous Anonymous said...

Não é por acaso que se chama missão impossível...

Nessa cena é levada ao extremo. Não esperes nada de menos impossível neste filme...Apenas um bom divertimento inacreditável

08 May, 2006

 

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