Estreias da Semana - 29 de Dezembro
Mais uma semana de estreias cinematográficas. Desta vez muito carregada. Na semana de Natal fartura de cinema. Devemos ter andando a portarmo-nos muito bem.
Temos nove novas estreias. É verdade 9!!!
É um pouco díficil de acreditar mas é verdade. E a escolha é muito variada.
O que temos?
- Um filme que apetece dizer "Finalmente!!!!"
- Um filme português outra vez com um nome (está a tornar-se moda)
- Um filme sobre um encontro
- Um filme em que apetece disparar (sobre a nossa própria cabeça)
- Um filme sobre a evolução da vida
- Um filme de um Natal à muito tempo atrás
- Um filme passado num restaurante
- Um filme que parece um acidente
- Um filme misturando bailarinos e sabores de gelado (também estou confuso)
Odete - Aí está nova estreia portuguesa. A "indústria" cinematográfica portuguesa está quase a garantir um filme por semana. De certeza que este ano foi o mais fértil em estreias portuguesas. Não tenho certezas mas aparenta ser.
Filme realizado por João Pedro Rodrigues (depois da sua estreia em "O Fantasma") com Ana Cristina Oliveira, Nuno Gil e João Carreira (nome apropriado para quem anda no cinema. Espero que traga sorte).
À porta de uma discoteca em Lisboa, dois rapazes, Pedro e Rui, beijam-se apaixonadamente. Namoram há um ano. Trocam alianças e fazem juras de amor. Pedro vai-se embora de carro e Rui entra na discoteca onde trabalha. Minutos mais tarde, Pedro tem um acidente de viação brutal. Rui, desesperado, corre até ele. Pedro morre-lhe nos braços. Sozinho, Rui sente-se perdido, sem esperança nem vontade de viver. Mas o amor de Pedro e Rui é eterno. Ao mesmo tempo, noutra parte da cidade, Odete trabalha como patinadora num hipermercado. Sonha ter um filho. Namora com Alberto, um segurança do hipermercado. Quando Odete insiste em engravidar, ele foge. Alberto não quer compromissos. Abandonada, Odete fica sozinha, encerrada num mundo de ilusões. O sonho de ter um filho transforma-se numa obsessão. Odete mal conhecia Pedro, um vizinho do andar de cima, mas os seus destinos vão-se cruzar. A tristeza do abandono de Alberto, fá-la chorar a morte de Pedro. E o fantasma de Pedro chama-a...
João Pedro Rodrigues presenteia-nos com mais uma história mirabolante. E ele é o realizador certo em Portugal para fazer com que a história funcione. Premiado em Cannes por este filme, apresenta desde já uma carreira de festivais muito boa. E elogios da imprensa internacional de cinema nunca são de deitar fora. Se estiverem a pensar este ou o Padre Amaro, o melhor é ficarem pelo Padre Amaro. Este não será um filme fácil. Se por outro lado pensam no padre Amaro então vão ver o Odete. Confusos? É experimentar.
O cinema português está de boa saúde e recomenda-se.
O Meu Encontro com Drew (My Date with Drew) - Super mega flop nos E.U.A. Para mim já está estigmatizado. Marcado para eliminação rápida.
Filme realizado por 3 realizadores (Gunn, Herzlinger, Winn), o que deve ir por ali...Com Sara Berkowitz e o próprio Brian Herzlinger. Estão elucidados? Eu também não.
Brian é louco por Drew Barrymore desde o segundo ano, altura em que a viu pela primeira vez em "E.T. - O Extra-Terrestre". Vinte anos depois, e já que ela nunca lhe apareceu milagrosamente à porta, ele está decidido a dar o primeiro passo. Ao ganhar 1100 dólares num concurso de televisão, Brian começa a sua jornada para conseguir um encontro com Drew, convocando o poder dos Seis Graus de Separação: ou seja, de certeza que ele conhece alguém que conhece alguém que conhece Drew.
Gosta da Drew Barrymore desde o E.T.?? Isto é deveras suspeito e bem nojento Urghhhhh(a rapariga tinha o quê 5 anos?). E será que a Drew Barrymore entra nesta patacoada gigantesca?
Só verdadeiras dúvidas filosóficas e não só.
Drew, E.T.? Isso não me saí da cabeça. De fugir e não voltar. Onde é que isto estreia, numa sala no Cú de Judas?
A Descida (The Descent) - Com este filme só apetece dizer uma coisa. FINALMENTE!!!!FINALMENTE, FINALMENTE, FINALMENTE, Finalmente, finalmente, finalmente, finalmente...
Pois é custou mas aconteceu. Já estava mesmo a pensar comprar o DVD, zona 2 e finalmente estreia.
Filme realizado por Neil Marshall (depois do exíto "Dog Soldiers") é já considerado o novo rei do horror. Com um elenco de perfeitas desconhecidas, são basicamente só mulheres, criou um filme de verdadeiro terror. E começam a ser muito díficeis de encontrar...
Passado um ano de um trágico e horrendo acidente, seis amigas voltam a encontrar-se para a sua viagem anual. Desta vez, vão partir para uma zona remota das montanhas Apalaches. Mas quando exploram uma caverna, uma rocha cai, bloqueando a saída. O pânico instala-se e as raparigas descobrem que a líder da exposição, a imprudente Juno, as levou a uma gruta inexplorada, onde ninguém as virá salvar. O grupo separa-se na esperança de encontrar uma saída. Mas há algo que as observa na escuridão e que ataca sem aviso.
Não parece um grande argumento mas segundo a "Empire" é o filme mais aterrador dos ultímos anos, graças a uma excelente realização e do trabalho de luz (o que vemos e não vemos está bem doseado e explode num final verdadeiramente sangrento. O que mais se poderia querer de um filme de terror?
Só precisa de meter medo mais nada. A receita é simples o díficil é faze-la. Mas "A Descida" consegue-o.
Revolver - Parece que o nome do filme vem mesmo daí. Segundo a imprensa, o filme não tem nexo e passamos 99,9% do tempo a pensar no que se está a a passar.
Filme realizado por Guy Ritchie com Ray Liotta, Jason Statham e André Benjamin. Realmente o elenco tem alguma qualidade fruto, em parte, dos anteriores trabalhos de Ritchie (não necessariamente o ultímo, arghhh). E agora vejam o argumento:
Jake é um jogador, um vencedor, mas está proibido de entrar na maioria dos casinos de Las Vegas porque é considerado perigoso.Até que uma noite é convidado para jogar num casino, juntamente com os seus dois irmãos. O que Jake não sabe é que o jogo está viciado e que está tudo combinado para ele perder e Macha, um criminoso, dono do casino, ganhar. Mas Jake não só ganha, como aproveita cada oportunidade para insultar e humilhar Macha. No entanto, Macha não gosta de perder e está habituado a ter sempre tudo o que quer.
Nada de extraordinário. Mas parece que algo subiu à cabeça do nosso Ritchie do excelente "Snatch". Ter ouvido muito ABBA em casa não deve ter ajudado ao seu estado de confusão. É que a sua senhora, pelo single de abertura do seu novo album, parece ter ouvido até à exaustão. Neste caso de ambos.
Pois é o que eu sempre disse ABBA é música do demónio. Faz-nos perder a cabeça... E algo na de Guy Ritchie estoirou. Até aqui cheira a queimado. E vai haver muito cerebro queimado por essas salas de cinema.
O Pesadelo de Darwin (Darwin´s Nightmare) - Um documentário que dominou os prémios europeus de cinema, vencendo nessa mesma categoria. Sinal de qualidade? Pelo menos de alguma qualidade.
Realizado por Hubert Saper, filme austriaco e francês.
As margens do maior lago tropical do mundo, considerado como o berço da Humanidade, são hoje o palco do pior pesadelo da globalização. Na Tanzânia, nos anos 60, a Perca do Nilo, um predador voraz, foi introduzida no lago Vitória, como experiência científica. Depois, praticamente todas as populações de peixes indígenas foram dizimadas. Desta catástrofe ecológica nasceu uma indústria frutuosa, pois a carne branca do enorme peixe é exportada com sucesso em todo o hemisfério norte. Pescadores, políticos, pilotos russos, prostitutas, industriais e comissários europeus são os actores de um drama que ultrapassa as fronteiras do país africano. No céu, enormes aviões de carga da ex-União Soviética formam um ballet incessante, abrindo a porta a outro tipo de comércio: a compra e venda de armas.
O homem quando tenta mexer com a natureza geralmente enterra-se e como neste caso, bem fundo...
Poucas informações sobre o filme a não ser o facto de ser premiado em muitos festivais de cinema. Não quer dizer nada mas já é alguma coisa.
Feliz Natal (Joyeux Noel) - Um filme sobre um episódio da primeira guerra mundial durante a luta de trincheiras que ceifou tantas vidas. Aquilo era um verdadeiro inferno. Será que é agora fielmente retratada? Quem sabe. Já está na hora de fazer um filme decente sobre essa tão ignorada Grande Guerra.Filme realizado por Christian Carion com Diane Kruger e Guilhame Canet.
Este filme inspira-se numa história verídica que aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial, na noite de Natal de 1914, em vários locais da frente de batalha. Quando a guerra rebenta no Verão de 1914, surpreende e arrasta milhões de homens no seu turbilhão. E o Natal chega, com a neve e as prendas das famílias e dos Estados-Maiores. Nessa noite, um acontecimento notável vai mudar para sempre o destino de quatro pessoas: um padre escocês, um tenente francês, um tenor alemão e uma soprano dinamarquesa, estrelas da época que, nessa noite de Natal de 1914, se vão encontrar no meio de uma confraternização sem precedentes entre soldados alemães, franceses e escoceses que decidem deixar a espingarda no fundo das trincheiras para irem ter com quem está do outro lado, apertar-lhe a mão, trocar cigarros e chocolates, desejar "Feliz Natal!".
Até custa a acreditar que isto realmente se passou. Mas também nós não estivemos lá. Momentos de pausa na guerra para confraternizar com o inimigo que poderemos matar amanhã.
Deixa realmente uma pessoa a pensar. Pré candidato favorito para os Óscares de Língua estrangeira e estará na grande noite mágica. Agora tem qualidade? Basta lembrar que "Chicago" venceu seis óscares e a qualidade não abundava. É esperar para ver.
À Vontade do Freguês (Waiting...) - Não há muito a dizer sobre este filme. É só mais um despejado pela fábrica americana para encher o nosso cartaz de estreias.
Realizado porRob McKittrick com Justin Long, Ryan Reynolds e Anna Faris.
Empregado de mesa há quatro anos, Dean nunca questionou o seu emprego no Shenanigan''s, uma cadeia de restaurantes para a qual trabalha. Mas quando descobre que Chett, um colega de escola, tem uma carreira promissora e lucrativa como engenheiro eléctrico, começa a questionar-se sobre a sua miserável situação profissional. Monty, amigo de Dean, encontra-se exactamente no mesmo barco, mas sem grandes complexos ou problemas existenciais. Mais preocupado com festas, Monty é encarregue de iniciar Mitch na arte de servir à mesa. Durante um caótico turno, Mitch acaba por conhecer o resto da louca equipa: Serena, a rude ex-namorada de Monty, Dan, o gerente zeloso e o cozinheiro-chefe Raddimus.
Parece um filme comercial a passar por indie. E esses nunca passam no passe-vite do espectador. A esquecer que estreiou por cá ou que sequer existiu. Um bocado radical? Talvez mas hoje também estou mal disposto. Quem sofre são os filmes.
Agente Acidental (The Man) - O que disse do anterior aplica-se a este. Outro tremendo flop, por ser um filme péssimo. Arrasado pela crítica, o que se pode dizer mais.
Filme realizado por Les Mayfield com Sam Jackson e Eugene Levy (o que andam estes dois a fazer em paragens tão desérticas?).
Um agente federal aparece morto numa rua obscura de Detroit. Quando se sabe que poderia ter as mãos "sujas" no caso que estava a investigar, que envolvia vários milhões de dólares e tráfico de armas, todas as atenções se viram para o seu parceiro. Derrick Vann (Samuel L. Jackson) é um agente habituado a trabalhar sob disfarce e que vai ter como missão encontrar as armas roubadas e o assassino do polícia. Como improvável parceiro vai ter um vendedor de material dentário.
Just one word. Forget it. Ou como se diz em português. Esquece lá isso Maria...
Baunilha e Chocolate (Vaniglia e Ciocolatto) - Vem do italiano, é verdade. E o que temos aqui?
Não faço puto de ideía.
Filme realizado por Ciro Ippolito com Maria Cuccinotta e Joaquin COrtez, deixando os palcos da dança e aventurando-se pelo cinema italiano. Ele não era espanhol?
Pepe é honesta e responsável, mas o marido, Andrea, é um homem incorrigível. Quando ela descobre mais uma traição do marido, surpreende-o, deixando-o sozinho com os três filhos. É aí que Andrea começa a descobrir as responsabilidades da paternidade e a assentar os pés na terra. E durante o seu refúgio, Pepe percebe que Andrea é o único homem que sempre amou. Os dois começam então a aceitar as suas diferenças e a complementar-se, tal como baunilha e chocolate.
Esta história não foi já contada? Mil e uma vezes? Estou cansado e não me apetece esmagar este. Deixo ao vosso critério.
Esta semana aconselho "A Descida" se és apreciador de terror ou então o "Odete" se és adepto de ovnis cinematográficos.
Até para a semana.
1 Comments:
Boas, encontrei este blog quando fazia uma pesquisa no google para tentar encontrar mais informação sobre o filme-documentário 'O Meu Encontro com Drew' que vi à poucos dias e gostei bastante. No entanto as suas declarações deixaram-me abismado tais como 'Super mega flop nos E.U.A. Para mim já está estigmatizado. Marcado para eliminação rápida.' Isto quererá dizer que é assim que se percebe a qualidade de um filme? 'De fugir e não voltar. Onde é que isto estreia, numa sala no Cú de Judas?' Por acaso não foi no Cú do Judas mas sim no Quarteto em Lisboa, onde tenho visto filmes )menores) de grande qualidade nos últimos anos. Sem o querer ofender estas ideias só demonstram a falta de cultura cinéfila que predomina no nosso país.
11 January, 2006
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