Estreias da Semana - 25 de Maio
O que há para dizer dos filmes que estreiam esta semana.
Alguma coisa, pois ainda são 6 filmes. Isto, claro se não lhes der para anular uma das estreias da semana ou para acrescentar um qualquer filme.
Temos:
- Um filme sobre recordações de um tempo há muito desaparecido
- Um filme sobre uma lenda da pintura
- Um filme sobre a importância do tempo
- Um filme sobre um homem sem limites
- Um filme sobre uma busca familiar
- Um filme sobre um grupo de pessoas extraordinárias
Natureza Morta - Um documentário português a estrear. Algo muito comum nos últimos tempos e por isso uma boa notícia para o cinema português de documentário, que estava morto à dois anos atrás e agora se levanta da campa. Mas como aviso, quando uma coisa começa a ser em numero demasiado grande tende a perder a sua objectividade. Esperemos que não chegue a esse tempo.
Filme realizado por Susana da Sousa Dias.
Utilizando apenas materiais de arquivo e sem recorrer a palavras, "Natureza Morta" redescobre e penetra na opacidade das imagens captadas durante os 48 anos da ditadura portuguesa (actualidades, reportagens de guerra, documentários de propaganda, fotografias de prisioneiros políticos, mas também sequências de filmes nunca utilizadas nas montagens finais), permitindo a sua reabertura a diferentes leituras.
A imagem vale por mil palavras, logo mais vale poupara nossa vez e fazer as imagens falar por si. Foi isso que Susana Dias decidiu fazer neste seu documentário sobre o Estado Novo, dos tempos de Salazar e da ditadura portuguesa, quem em 1974 caiu no mês de Abril.
Quem está a apostar no documentário, tem visto os frutos do seu trabalho recompensado. Por exemplo "Lisboetas" está à três semana em exibição e já foi visto por 6000 pessoas apenas num cinema. Boas notícias para o documentário. Só espero é que um de má qualidade não venha deitar outros de boa qualidade por terra. Obviamente ainda não vi este e não posso formar opinião mas a temática é deveras interesante. A dar uma oportunidade e depois digam alguma coisa se vale a pena.
Modigliani - Mais uma biografia de um pintor. Desta vez não da sua vida mas da sua intensa rivalidade com outra lenda da pintura contemporânea, Picasso. Esta abordagem é capaz de ser bastante interessante, apesar de retratar um pintor não tão conhecido do público em geral.
Filme realizado por Mick Davis com Andy Garcia (Modigliani), Elsa Zylberstein e Omar Djalili (Picasso).
1919. A Grande Guerra acabou e a vida nocturna de Paris transborda paixão e obsessão. Esta é a história da rivalidade entre Modigliani (Andy Garcia) e Picasso (Omid Djalili), dois homens que alimentam a sua inveja e ciúme mútuo com feitos, arrogâncias e paixões. É também a história de uma tragédia amorosa. A história de Jeanine Hebuterne (Elsa Zylberstein), uma bela e jovem rapariga católica, cuja desgraça e única falha foi deixar-se apaixonar por um judeu, Modigliani.
Uma história de amor no mundo da pintura. Admito que quando vi o título do filme pensei logo, biopic em busca de Óscar. Abordando melhor a premissa do filme vejo que é o biopic ideal. Ou seja concentra-se num momento da história da personalidade histórica e constroí a mesma desse ponto de vista. Poderá ser uma versão mais subjectiva mas é isso que se quer de uma forma de arte, não apenas o enumerar de factos históricos. Aí o realizador acerta. Basta saber se tem talento para o mostrar. Sim, porque isso não é para todos e mesmo os talentosos por vezes falham. Mas uma coisa é certa o cinema está sempre lá com eles.
O Tempo que Resta (Le Temps qui Reste) - À espera da morte. Seria uma boa frase para descrever este filme. Estreado entre nós no último IndieLisboa, foi muito bem recebido pela crítica que o rotulou de melhor filme de Ozon. Muita curiosidade na minha cabeça, existe (Isto de falar à Yoda por vezes dá-me).
Filme realizado por François Ozon com Melvil Poupaud, Jeanne Moreau, Valeria Tedeschi.
Romain (Melvil Poupaud) é um jovem fotógrafo de 30 anos que descobre, depois de um desmaio numa sessão de fotografia, que sofre de leucemia e que lhe restam poucos meses de vida. São os meses da negação, da aceitação, das despedidas e da tentativa de encontrar alguma paz interior.
Reconheço que filmes de choradeira nunca cairam no meu goto. Não aguento simplesmente. Lamechiche é o pior que me podem dar actualmente num filme. Isso e finais ridiculos de todos aos beijinhos ou amigos. Já não há paciência.
Este filme, segundo a crítica, parece ser a antítese disso. É cruel, não embeleza o seu protagonista, nem tenta descobrir razões para a sua decisão. Apenas a sua avó sabe do que vai acontecer e com ela tem o seu desabafo. Mas ao contrário disso opta por morrer sozinho. Mas como é senso comum, todos o fazemos. A morte é solitária. Algo só nosso.
Não, suícidio em grupo não conta...
A espreitar numa sala de cinema, possivelmente refundida em Lisboa. É o costume.
Indian, O Grande Desafio (The World´s Fastest Indian) - Reconheço que o título original é de grande qualidade e era impossível de traduzir para português. Mas o título escolhido vai, concerteza, prejudicar a carreira que o filme poderia ter. E como já não era muita, assim vai ser bem pior.
Filme realizado por Roger Donaldson com Anthony Hopkins (numa escolha arriscada mas desejada), Jessica Caufiell e Saginaw Grant.
Bert Munro (Anthony Hopkins) nunca deixou morrer os sonhos da sua juventude. Depois de uma vida inteira dedicada a aperfeiçoar a sua motorizada Indian Twin Scout, de 1920, Burt resolve testar a sua máquina no deserto no Utah. E contra todas as probabilidades, Burt estabelece um novo recorde. Recorde esse, datado de 1967, que continua até aos dias de hoje imbatível.
Este é daqueles que pode agradecer ao Sir Anthony Hopkins, pois passaria debaixo do radar se não fosse seu desejo entrar nesta história. Mas a escolha é compreensível. Não existem muitos papéis em que existem recordistas para lá dos 60 anos. Mas é preciso coragem para entrar num projecto de tão pequena dimensão. Só se pode admirar a sua coragem.
Voltando ao filme não tenho tantas certezas. O que sairá daqui? A zona de Utah e os seus desertos são palco para grandes imagens. Possivelmente foi filmado na Austrália mas também tem as suas qualidades. Mais uma vez tudo depende do realizador. Cada vez mais o cinema depende do mesmo. Foi um grande éxito na Nova Zelândia, donde Munro era originário. Mas por aqui é um perfeito desconhecido e isso tem consequências.
A Pista (La Piste) - Em busca de um familiar. Quando é um pai que nunca conhecemos essa vontade é ainda maior. É essa ansiedade de conhecer o nosso passado que nos leva a ultrapassar as nossa limitações e partir à aventura. Mas nem todos conseguimos.
Filme realizado por Eric Valli com Camille Summers, Julian Sands e Eriq Ebouaney.
Depois da morte da mãe, Grace, de 14 anos, filha de pais divorciados, decide voltar para África para reencontrar Gary, o seu pai geólogo, que raramente viu. Mas o encontro é dificultado quando o avião em que Gary viaja é apanhado por ventos fortes e se despenha no meio do deserto. Aí, Gary é feito prisioneiro por um "gang" de guerrilheiros que procuram diamantes.
Mais um filme à procura de público, quando claramente não o tem. É nestes filme que nos apercebemos do poder que tem Holywood. Esta semana está tudo centrado no X-Men 3. Sem contar com uma pequena minoria ninguém sabe que outros filmes estreiam hoje. Eu sei, mas mesmo assim sinto-me impelido para o espéctaculo e não para o drama que esta história encerra nos seus fotogramas.
A diversidade é muito importante no cinema. E são estes filmes que a fomentam. QUe vêm de onde a gente não sabe. Só é preciso dar-lhe a oportunidade.
E este claramente é um época de Blockbusters muito fracos. Que o digam M:I:3 e o Código da Vinci.
Ps: Podem sair desiludidos do filme. Porque maus realizadores existem em todo o lado. Mas quem sabe não descobrem uma lenda?
X- Men 3 - O Confronto Final (X-Men 3:The Final Stand) - Será mesmo o último. Eu não aposto o meu dinheirinho nessa hipótese. E esta é também a última hipótese do blockbuster para ao menos me divertir, já não peço maravilhar.
Filme realizado por Brett Ratner (Deus nos valha!!!) com Halle Berry, Hugh Jackman e mutantes afins.
Neste terceiro filme da série "X-Men", é descoberta uma "cura" para os mutantes que pode mudar o curso da História. Pela primeira vez, eles têm a oportunidade de escolher entre manter-se como são ou desistirem dos seus poderes, tornando-se humanos. Mas os líderes não concordam com esta cura, o que leva a um confronto, a guerra final para acabar com todas as guerras.
Começo a ficar farto com estes novos blockbusters. Uns começam bem e tem finais desastrosos, outros são secas descomunais com algumas cenas rídiculas e depois dizem-me que os melhores filmes de super-hérois vão ser conduzidos por Brett Ratner responsável por grandes asneiras Holywoodianas. Será esta a gota de água que me vai fazer perder a paciência com estes remakes ou sequelas intermináveis?
É mesmo a última chance. Por isso Holywood tem cuidado. Os meus trinta leitores são altamente influenciáveis. E eu posso mudar a opinião deles em relação ao éxito de Verão a ver.
Eu avisei...
Esta semana em vez dos habituais sim e não vou pôr o sim e o check-mate.
Para o sim, aconselho a visitarem uma sala refundida de Lisboa e verem "O Tempo que Resta" de François Ozon. Dizem que é muito bom. Eu acredito.
Como Check-Mate final a Holywood temos o "X-Men 3:Confronto Final". Se não for ao menos divertido a guerra vai começar para a semana.
Ps: A Vingança serve-se fria. Mas quente também sabe bem.
Até para a semana.
Boa Noite e Bons Filmes.
Ps: Muito cuidado Holywood...
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