Crítica de Cinema - Marie Antoinette
Filme de Época mas Pouco
"Let them eat cake."
A frase inicial de filme de época mas pouco não tem sentido negativo. Pelo menos para mim. Não estamos na presença de um famoso filme de época em que a história se baseia na aparência do filme (que até me parece bastante bem reconstruído) mas sim na história de uma adolescente que de um dia para o outro se transforma na futura rainha de França. Essa mulher é Marie Antoinette.
Em pleno Séc XVIII, século de todos os excessos na corte Francesa, é anunciado o casamento do futuro rei de França, com a princesa da Áustria, Marie Antoinette, de apenas 14 anos. Vai abandonar a sua vida (ainda muito infantil e bem retratada no ínicio do filme) confortável e entrar num circo e num mundo estranho onde tudo lhe é estranho. É uma revolução antes da que vai mudar para sempre a sua vida no final do século. Esta é a vida de Marie Antoinette segundo Sofia Copolla.
Todos sabemos que o cinema, no geral, é um clube masculino. Quase nenhuma mulher (a não ser em lugares de produção) tem a possibilidade de ser criativa e dar o toque feminino às películas. Sofia Copolla (principalmente após a nomeação para o Óscar de melhor realizadora- apenas a 3º da história do cinema) tem conseguido impôr a sua qualidade artística e a sua capacidade como realizadora. São precisas mais mulheres em Holywood e no cinema em geral. Mas não entremos nas quotas, porque se não houver qualidade não existe a necessidade na minha opinião.
Claramente, este é o pior filme da realizadora. Para qualquer outra pessoa isto seria uma má notícia, mas para Sofia ainda chega para ter um filme de grande qualidade e que apesar de ser uma reconstituição de época, tem ainda o seu modo de contar uma história. Ela própria admite que os 3 filmes que realizou se fundem sobre um mesmo tema. As mulheres e a mudança.
Marie Antoinette entra em Versailhes como uma ingénua adolescente e saí, após o estalar da revolução, como uma mulher que sabe o que quer e acredita. Acaba por ser uma vítima da revolução, por vontade do povo, como símbolo da opulência da corte em Versailhes. Com a sua morte o povo acredita que morre a monarquia e assim é lhe cortada a cabeça, cena que felizmente, não vislumbramos no filme. O filme fica-se pelo abandono da corte. No final e respondendo a Luís, mostra a mulher em que se tornou e uma profunda defensora dos seus filhos, que espera salvar de um revolução que não entende.
Dizem que o filme é demasiado exagerado, fútil e onde o prazer pessoal é o objectivo de todos os que circulam pela corte. O povo nunca se vê. Apenas se ouve. Apenas um dos lados é ouvido. É injusto. Apenas se trata do ponto de vista de Marie Antoinette. Alguém que caí de para-quedas na corte e não sabe como comportar-se (bem visível na primeira meia hora). E nessa papel Kirsten Dunst é imparável sabendo fazer a evolução de menina inocente e ingénua para mulher determinada em salvar os filhos e com outra paz de espírito. Foi forçada a crescer demasiado depressa. Apenas na cena em que se fecha no quarto e chora se nota um pouco de forçar o choro. Não parece autêntico. Mas é pouco para manchar uma actuação de grande qualidade. O elenco de secundários é de luxo e mesmo em pequenos papéis, consegue mostrar a sua qualidade, apesar de se notar um pouco de desaproveitamento de todo o talento, que os nomes impõem.
Um bom filme, único e irrepetível. Só da mente de Sofia Copolla a biografia de Marie Antoinette podia ser assim. A música começa, a príncipio, a soar a estranho mas acaba por se adaptar ao filme e ao ouvido. Mas não deixa de ser estranho ouvir New Order neste filme hehe.
Aconselho a fãs de Sofia (apesar das críticas de alguns) ao menos não seja para ver as marcas do seu cinema. E esperar por um "Lost in Translation" da próxima vez que nos encontrarmos, novamente no cinema. Até lá Sofia.
Nota do Filme - Marie Antoinette - 7/10
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